Aurora Catarina, de Lu Trentin

Sabe aquela história de que nos menores frascos estão os melhores perfumes? Pois então – às vezes é assim com livro. Nos menores, nos mais despretensiosos, muitas vezes estão as melhores histórias! “Aurora Catarina” chegou aqui em casa dia desses, enviado por sua autora, a Lu Trentin, lá de Caxias do Sul. Com dedicatória carinhosa e toda simplicidade.

Sabe, eu tenho recebido muitos livros pra ler com o Francisco, pra falar sobre eles por aqui – alguns de editoras, outros dos próprios autores. É legal, eu fico muito feliz – mas não é sempre que vem coisa bacana. Recebo muito livro feio, sem capricho, história fraca, daquelas que subestimam de cara a inteligência das crianças e que me dão calafrios. Nesses anos de blog já passou cada coisa pelas minhas mãos que olha, às vezes nem acredito (e por isso, não divido mesmo).

A impressão que tenho é que todo mundo acha que pode escrever um livro, especialmente para os pequenos – mas ah, não pode. Quer dizer, poder pode, mas alcançar de fato uma criança, abraçá-la com um livro, exige talento, exige estudo, exige carinho. Por isso, quando descubro coisa bonita, quando vejo o Francisco acompanhar uma história com os ouvidos atentos, olhos brilhando, fico logo ansiosa pra dividir com vocês. Fico mesmo!

Toda essa falação pra contar da Aurora Catarina, que chegou aqui numa semana em que o correio andou agitado, e que aguardou, paciente, uma noite para ser finalmente descoberta. Foi descoberta pelo Francisco, que catou o livro de cima da mesa e decidiu que aquela noite era pra ler “o livro da porta”. A porta da capa o deixou curioso, mas a história o deixou apaixonado – e eu também!

aurora-catarina-02

A história de Aurora Catarina é redondinha, com descrições detalhadas, que fazem a imaginação voar longe – pelas lajotas da escada, pela madeira descascada, pelas janelas enormes da casa de seus avós. Todo final de semana Aurora os visitava, era costume – mas havia algo lá que sempre a intrigava: uma lata colorida que ficava no tipo do armário da cozinha.

Sempre que Aurora se encontrava só na cozinha, tentava escalar o armário para alcançar a tal lata – acreditava que algo mágico ficava ali escondido, naquela lata tão reluzente, tão linda, tão fora do alcance. Em um dos domingos na casa dos avós, tomou coragem novamente. Catou uma velha lata amarela, colocou em cima de uma cadeira, apoiou essa cadeira na estante e deu início à escalada. Até conseguiu agarrar a lata, com força – mas se desequilibrou e caiu, lata em mãos.

Com a queda, a lata se abriu…e dentro dela, farinha, muita farinha, agora espalhada pelo chão. A bagunça foi geral, o barulho estrondoso! Aurora Catarina se sentia frustada, boba, decepcionada:  “que desperdício! uma lata bonita dessas, cheia de farinha!“. A avó veio então ajudar na bagunça…e adivinha? De dentro da lata velha, aquela amarela, usada de apoio, tirou biscoitos achocolatados, que Aurora comeu feliz. No final das contas, era ali que estava algo mágico!

***

Dei uma fuçada aqui para saber onde encontrar o livro, que foi publicado em 2014 pelo Quatrilho Editorial. Achei à venda na Livraria Cultura, por R$ 12,90. 😉