Lúcia Já-Vou-Indo

Tem os livros que são do Francisco, e de vez em quando ele me empresta um ou outro, e tem os livros que são meus, MUITO MEUS, e eu empresto pra ele. Lúcia-Já-Vou-Indo é um deles. Era um dos meus livros preferidos quando criança.

lucia-ja-vou-indo
nossa cópia está velhinha, mas cheia de amor!

Imaginem minha emoção quando, há alguns meses, encontrei esse livrinho escondido em um armário da casa de praia, abandonado. Um tanto quanto mal-tratado, velho e rabiscado, mas tava lá, e eu o resgatei e logo fui mostrar pro Francisco. Lembro que eu tinha uns 6, 7 anos quando amava esse livro – ele tem os textos um pouquinho mais longos, mas dá sim para ler para uma criança de 3 anos. As ilustrações são coloridonas, lindas, cheias de detalhes, e rendem conversa.

Sabem o mais engraçado? É a gente reparar o quanto essas histórias da nossa infância ficam mesmo na memória. Fui lendo o Lúcia Já-Vou-Indo para o Francisco e lembrando de tudo, absolutamente tudo, mesmo sem ter tocado no livro há mais de vinte anos. Até as ilustrações estavam frescas na memória, e foi uma delícia ver tudo aquilo de volta.

A história é muito bonitinha. No livro, Lúcia é uma lesminha muito da devagar:

“Lúcia Já-Vou-Indo não sabia andar depressa. De maneira nenhuma. Andava devagar, falava devagar, chorava e ria devagarinho e pensava mais devagar ainda. Muito natural, pois ela era uma lesma.”

o francisco diz que a lesma se parece comigo quando está de peruca. rs.
o francisco diz que a lesma se parece comigo quando está de peruca. rs.

 

Sempre convidada para festas, ela nunca chegava a tempo, vivia atrasada. Recebe um convite para a festa da libélula Chispa-Foguinho (adoro os nomes dos personagens) e, ainda faltando uma semana para o evento, ela se desdobra para dessa vez chegar a tempo.

“- Depressa, Lúcia, assim você não chega! – diziam de passagem.

E ela respondia mastigando devagarinho um brotinho de alface:

– Já vou indo, já vou indo… – e se esforçava, pensando que estava andando um bocadinho mais depressa.

Que engano! Quase não saía do lugar.”

Não adianta. Alguns imprevistos no caminho e mais uma vez ela chega tarde à festa.

A própria libélula Chispa-Foguinho, triste pela amiga, propõe organizar o próximo festerê na casa de Lúcia: assim ela não teria como se atrasar. Mas adivinha? Festa arrumada, comes e bebes, bandeirinhas, convidados chegando e nada de Lúcia Já-Vou-Indo. As libélulas então se organizam mais uma vez e trazem Lúcia voando, literalmente, em cima de uma folha de capim. E assim a história termina feliz:

“Foi assim que oh, maravilha! pela primeira vez na vida, Lúcia-Já-Vou-Indo assistiu a uma festa inteirinha, do começo ao fim.”

Apesar de já ter sido reeditado desde a minha época, é difícil de encontrar por aí. É um livro pra garimpar em sebos – na Estante Virtual tem até por 8 reais, vale dar uma olhada.

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Livro: Lúcia Já-Vou-Indo

Autora e Ilustradora: Maria Luísa Penteado

Editora: Ática