Meu Pai é um Super-Herói e Minha Mãe é uma Super Heroína

Dia desses recebi em casa mias um livrinho da parceria com a editora Fundamento – tive que escolher entre 6 oferecidos, entre eles histórias de personagens comerciais (da Dreamworks), outros no estilo “Adivinha Quanto eu te Amo” (sabem quais? esse foi o precursor de um estilo que segue sendo copiado, e que eu, sinceramente, nunca fui fã) e bem, esses dois aqui. Admito que eu não compraria nenhum deles, mas na falta de opções mais interessantes, bem: tinha super-herói, super-heroína, podia ser divertido!

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De fato, são dois livros coloridões e divertidos nas ilustrações – elas têm esse ar de comics, de quadrinhos, que atrai a criançada de cara. O Francisco adora! Mas as historinhas, bem – deixam a desejar. E vou contar pra vocês: acho engraçado (e admiro) como o Fran, com seus incompletos 6 anos, já tem seu senso crítico. A cara de indagação dele ao final de uma história como essas é um termômetro claro para mim que de fato ali faltou alguma coisa – na verdade, faltou exatamente uma história.

No primeiro livro, dois irmãos, um garoto e uma garota, contam sobre como seu pai é um verdadeiro super-herói – ele é superforte, tem poderes de invisibilidade incríveis, pode prever o futuro. No segundo, é a mãe a super-heroína – ela lê os pensamentos das crianças para que nunca sintam fome, faz os objetos aparecerem como mágica, é mestre em disfarces.

É divertido notar que as ilustrações de Lesley Vamos complementam com humor o pouco texto: o pai é super forte, e lá está ele levantando um sofá em busca de um brinquedo. Ele tem poderes de invisibilidade e aparece escondido atrás das cortinas numa brincadeira de esconde-esconde. A mãe lê os pensamentos da criançada voltando de uma brincadeira junto com o pai e se desdobra na cozinha fazendo biscoitos para saciar a fome da turma. É mestre em disfarces, e lá está ela (ainda se desdobrando) vestida para ir ao trabalho, para consertar a cerca, cozinhar, passando um batom para muito provavelmente sair.

É, mas tem essa: é difícil não notar que o livro tropeça nos estereótipos do pai hiper divertido, a mãe cheia de responsabilidades – sim, ela também tem seus poderes de diversão, claro, mas a grande maioria envolve trabalhos domésticos e cuidados com os filhos. 🙁

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