Se Os Tubarões Fossem Homens, de Bertold Brecht e Nelson Cruz

Sei que a turma tá curiosa pra conhecer os achados da #FIL (eu pelo menos tô bem louca pra compartilhar: logo vai ter vídeo especial lá no canal, só com entrevistas que tive a chance de fazer em Guadalajara) – mas se tem uma coisa que me deixa boba de feliz é ver livro bonito publicado aqui mesmo, debaixo do nosso nariz.

Peixes e Predadores

“Se os tubarões fossem homens” é lançamento fresquinho Editora Olho de Vidro, daqui de Curitiba. O texto de Bertold Brecht é ácido, cheio de ironia – parte de uma conversa entre um senhor (Senhor Keuner, o “homem pensante” de Brecht, visto por muitos como o alter ego do autor) e uma garota. “Se os tubarões fossem homens, será que seriam mais gentis com os peixinhos?” – ela pergunta. “Claro que sim”, responde ele – e a narrativa se desenvolve a partir daí, da construção de um mundo onde os tubarões muito se assemelham aos humanos.

A guerra, a arte, as escolas, a religião são abordadas com uma irreverência incômoda, doída – e as ilustrações de Nelson Cruz (que esse ano levou o Jabuti por seu trabalho sem igual) contribuem muito para isso. Também trazem acidez, genialidade e (por que não?) um bocado de esperança – constroem uma narrativa riquíssima, paralela ao texto escrito, que só o engrandece e amplia.

Daqueles livros que servem às crianças, aos pais, aos sobrinhos, aos amigos – que amplificam as possibilidades de um bom livro ilustrado e que, como diz o ilustrador ao final da obra, “rejeitam qualquer fronteira de idade”. Gamei!

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