Super, de Jean-Claude Alphen

Todos os dias, o pai do garoto sai trabalhar. A mãe também, mas antes, deixa-o na escola. À noite, os dois voltam – o pai às vezes senta com o filho para assistirem à televisão, a mãe garante a pipoca. Tem vezes que o pai vai buscá-lo na escola, de surpresa, outras até almoçam juntos – mas quem faz isso diariamente é a mãe. O pai, no entanto, é o super-herói, capa e máscara sob os olhos do filho – a mãe lá, tão pequenininha.

Um dia, no entanto, o pai fica doente. O menino jamais poderia imaginar que isso aconteceria a um super-herói, mas que surpresa. O pai então fica em casa, toma as rédeas das tarefas que a mãe antes fazia – a rotina muda, a perspectiva do garoto também. Havia uma super-heroína escondida naquela casa! Interessante demais é notar como o autor e ilustrador, Jean-Claude Alphen, elabora a história: o tamanho do texto, a perspectiva do desenho, o conjunto todo conduz o leitor a mergulhar por inteiro nela.

De primeira, admito, não entendemos bem: teria a mãe ido embora? Teriam se separado? Observamos as ilustrações mais atentamente, relemos, curiosos: aaaah, tá tudo ali! É esse o bacana dos livros, no fim das contas. Os que nos intrigam, o que geram conversas. E como esse livro rendeu! Obra delicada, divertida, instigante, lançamento lindo da Editora Pulo do Gato.

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